Bienal de São Paulo 2020, the wind of change

34ª Bienal vai de encontro aos mais atuais problemas da nossa sociedade, como diversidade, globalização e enfrentamento

34ª Bienal vai de encontro aos mais atuais problemas da nossa sociedade, como diversidade, globalização e enfrentamento

16.12.2020
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Post original em: 16.12.2020 POR: Paulo Franco Rosa
Entrei na 34ª Bienal de São Paulo com enorme sensação de liberdade promovida pelos grandes espaços abertos e não preenchidos... e saí escutando Scorpions na minha mente - wind of change - sensibilizado pela exposição "Vento". Intitulada a partir do filme Wind (1968), de Joan Jonas, a exposição composta majoritariamente por obras desmaterializadas, em áudio e vídeo, buscou ressaltar uma sensação de espaço e distância que raramente pode ser experimentada pelo público. Nenhuma parede expositiva foi construída, e a arquitetura do Pavilhão Ciccillo Matarazzo ficou em seu estado natural, acolhendo as obras diretamente, sem elementos que pudessem criar uma mediação entre a escala humana dos trabalhos e as dimensões monumentais do Pavilhão.

Performance de Paulo Nazareth
Registro da performance "À flor da pele". Fotos de Levi Fanan (Fundação Bienal de São Paulo)

A Bienal de São Paulo é uma exposição de artes que ocorre a cada dois anos na cidade de São Paulo, desde 1951. Foi eleita um dos três principais eventos do circuito artístico internacional, junto à Bienal de Veneza e Documenta de Kassel. A mostra de 2020, curada por Jacopo Crivelli Visconti, Paulo Miyada, Carla Zaccagnini, Francesco Stocchi e Ruth Estévez, vai de encontro aos mais atuais problemas da nossa sociedade, como diversidade, globalização e enfrentamento, onde a arte se posiciona e reivindica.
No hotsite do evento os organizadores explicam o título "faz escuro mas eu canto". "É um verso do poeta amazonense Thiago de Mello, publicado em 1965. Por meio desse verso, a 34ª Bienal reconhece a urgência dos problemas que desafiam a vida no mundo atual, enquanto reivindica a necessidade da arte como um campo de encontro, resistência, ruptura e transformação. Desde que encontramos esse verso, o breu que nos cerca foi se adensando: dos incêndios na Amazônia que escureceram o dia em São Paulo aos lutos e reclusões gerados pela pandemia e as decorrentes crises políticas, sociais e econômicas. Ao longo desses meses de trabalho, rodeados por colapsos de toda ordem, nos perguntamos uma e outra vez quais formas de arte e de presença no mundo são agora possíveis e necessárias. Em tempos escuros, quais são os cantos que não podemos seguir sem ouvir?"
Na abertura da exposição destaque para a obra e performance de Paulo Nazareth (sequência de fotos acima) realizada no Pavilhão fechado no dia 13 de novembro e transmitida ao vivo pelo Instagram da Fundação Bienal. No evento, pessoas negras perfuram um saco de farinha de trigo e reorganizam o pó branco na forma de círculos pela varredura, problematizando, de forma simbólica, relações coloniais de poder, tanto pelos gestos e corpos em cena quanto pela alusão aos diversos significados e usos atribuídos ao círculo (e à geometria) por diferentes sistemas de conhecimento, ocidentais e orientais. A partir do dia seguinte, pudemos ver, no espaço, o resíduo da ação dos performers, que se transformou ao longo do período expositivo pela ação das correntes de ar do interior do Pavilhão.

IMAGEM: Público interage livremente com a exibição do filme Vento na 34ª Bienal (FOTO: PAULO FRANCO ROSA)

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